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Na Itália professora da Unioeste ministra palestra sobre olivicultura

Fabíola Villa, docente da Unioeste em Marechal Cândido Rondon, estuda esta cultura há 10 anos, indo todo ano à Itália para se especializar, realizando cursos sobre o cultivo da oliveira e cursos de experimentação de azeites extra virgens
24 de Novembro de 2018 às 00:00

No último dia 20, na cidade de Porano, na Itália, Fabíola Villa, professora na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus Marechal Cândido Rondon, ministrou a palestra intitulada "Olivicultura Argentina e do sul do Brasil: novas problemáticas e grandes oportunidades". A palestra fez parte da programação do seminário "Situação e perspectivas da olivicultura no sul do Brasil e Argentina e técnicas utilizadas na avaliação da qualidade de azeites extra virgens", direcionado a toda comunidade científica, produtores e estudantes.

O convite ocorreu por meio de uma parceria internacional que Fabíola possui junto à Universidade de Perugia (Itália), através da professora de cultivo arbóreo Daniela Farinelli. "Inicialmente ela me convidou a participar de uma reunião no Centro de Nacional de Pesquisa Italiana na cidade de Porano (província de Terni). Acompanhei a professora Daniela até Porano no dia 5 de novembro deste ano, onde nos encontramos com os pesquisadores italianos e argentinos e, durante a reunião, surgiu a ideia de fazermos uma parceria entre Brasil, Argentina e Itália", contou. Fabíola explica que para que ocorresse esta parceria, seria necessário apresentar um seminário sobre a situação da olivicultura no Brasil, em especial na região Sul do País, devido ao seu potencial produtivo em função do clima frio, focando mais amplamente o Paraná, onde a docente vive e desenvolve pesquisa na área.

"É muito importante esta troca de experiências, pois o Brasil está ‘engatinhando’ ainda no cultivo de oliveiras e produção de azeitonas. Temos muitos profissionais no Brasil que são especializados no cultivo de espécies frutíferas, florestais e análise sensorial de produtos de origem vegetal, e que tentam, de uma maneira ou outra, adaptar estes conhecimentos ao cultivo de oliveira. Assim como em outros cultivos agrícolas e avaliações sensoriais de vinhos, queijos e chocolates, a cadeia produtiva de azeite e azeitona demanda profissionais especializados no assunto, o que ainda é bem escasso no País", conta a pesquisadora cujo tema pós-doutorado foi em olivicultura. Fabíola estuda esta cultura há 10 anos, indo todo ano à Itália para se especializar, realizando cursos sobre o cultivo da oliveira e cursos de experimentação de azeites extra virgens.

Fabíola explica que quando os portugueses vieram ao Brasil (cerca do ano 1.800) e se instalaram aqui, trouxeram umas mudas de oliveira no intuito de manter a tradição e história do cultivo. Por isso, plantavam as oliveiras perto de igrejas e praças, a fim de obterem mais facilmente os ramos na Pásqua e óleo para as lamparinas. No estado do Paraná não foi diferente. Durante os anos, por meio de políticas públicas, incentivou-se o plantio em várias regiões como o oeste e sudoeste do estado.

"Atualmente, este cenário não existe mais, porém, com a iniciativa de alguns produtores, retomou-se o cultivo desta milenar cultura. Hoje, tem-se em torno de 100 ha de plantio comercial, principalmente em Guaraniaçu, Mandaguaçu e Ventania. Outros plantios menores podem ser encontrados em Ouro Verde do Oeste, Cascavel, Salto do Lontra, Ribeirão Claro, São José dos Pinhais, Pinhão e Guarapuava. Além desses plantios experimentais, estão distribuídos pelo estado em parceria com a Emater, Fundetec e UTFPR em Pato Branco. Aqui em Marechal Cãndido Rondon a Unioeste conta com uma área experimental, na qual estão instaladas aproximadamente 100 plantas de oito cultivares, todas para fins experimentais", conta.

A professora destaca que o Brasil importa 77 milhões de litros de azeite extra virgem, sendo 98% de todo o azeite que consome, principalmente da Argentina e Europa (Portugal, Espanha e Itália). No Brasil temos 4 mil hectares plantados com oliveiras e precisamos, para manter todo o comércio de azeite, de outros 45 mil hectares. Com uma produção de 160 mil litros de azeite brasileiro (metade em SP e Mg e a outra metade no RS), ainda temos muito mercado a expandir no País. "O brasileiro consome apenas 300 mL/ano de azeite extra virgem, frente a 13,4 mL ao consumo italiano e 21,6 mL ao grego. Como citado acima, o Brasil ainda está ‘engatinhando’ na olivicultura, tendo assim um longo caminho pela frente e um grande potencial para expansão do cultivo", enfatizou.