A Adunioeste protocolou junto à reitoria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) uma nota oficial que reflete sobre o processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2025-2029. O documento aponta preocupações acerca da condução e do conteúdo do PDI, destacando a necessidade de maior diálogo com a comunidade acadêmica e uma análise mais abrangente das propostas apresentadas.
Segundo a nota, a construção do PDI, que define diretrizes estratégicas para os próximos cinco anos da instituição, foi conduzida com prazos considerados insuficientes para discussões aprofundadas. Originalmente estipulado para 30 dias (de 1º de outubro a 1º de novembro de 2024), o período de contribuições foi estendido até 7 de novembro, ainda assim, sem alcançar a participação plena de todos os segmentos acadêmicos. "O modo de encaminhamento adotado na elaboração do PDI, infelizmente, não corresponde às necessidades de uma discussão realmente democrática", destaca o texto.
Pontos críticos
Entre os pontos destacados pela Adunioeste, estão:
1. Enfoque na inovação e empreendedorismo: O uso excessivo desses termos no documento levanta questionamentos sobre um possível direcionamento da universidade para uma lógica empresarial. Enquanto "inovação" aparece 33 vezes no texto atual, nos PDIs anteriores (2007-2012, 2013-2018 e 2019-2023), o termo foi mencionado apenas ocasionalmente. A inserção do empreendedorismo também é vista como controversa, considerando seu impacto na educação pública.
2. Metodologias ativas: A proposta de adoção de metodologias ativas no ensino a distância (EaD) é apontada como uma "novidade" no PDI. A nota alerta para a centralização de uma abordagem pedagógica, desconsiderando debates acadêmicos que sustentam a pluralidade teórico-metodológica.
3. Terceirização da gestão estratégica: A contratação de um sistema de gestão estratégica, prevista no objetivo 2.9 do documento, também preocupa. A Adunioeste vê nessa medida uma possível perda de autonomia da universidade.
4. Impactos da LGU: A Lei Geral das Universidades (LGU) é criticada como um fator estrutural que limita a autonomia universitária e impõe desafios à gestão acadêmica, como a impossibilidade de realização de concursos públicos e a sobrecarga de trabalho dos docentes temporários.
Proposta de assembleia universitária
Diante dessas questões, a Adunioeste, com o apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE), propõe a realização de uma Assembleia Universitária com a suspensão das atividades acadêmicas, garantindo ampla participação de docentes, técnicos e estudantes. O objetivo seria fomentar um debate coletivo sobre o PDI, permitindo que as proposições da comunidade sejam efetivamente incorporadas antes de sua homologação pelo Conselho Universitário.
Para a Adunioeste, a construção de um PDI representativo é fundamental para assegurar que a Unioeste mantenha seu compromisso com a educação pública, gratuita e de qualidade. "Um planejamento democrático e transparente é imprescindível para garantir o futuro da universidade que defendemos", conclui o documento.